sábado, 29 de outubro de 2011

Madrugada

Três tragadas fortes, apertei o filtro por costume e joguei a bituca na "boca de lobo", dez minutos de remorso. Só dez.
Memória de bêbado é curta - levantei, enfiei a mão no bolso e encontrei duas cartelas da Mega-Sena que havia esquecido de jogar. Memória de rato, cáspita!
Lá vem mais um "cara cheia" pedir cigarros e culpar a sogra ou mãe pelo fracasso do casamento! Crises de riso são frequentes, mas aquela altura da bebedeira era hora das lamentações... Segurei o riso por pouco tempo, tantas noites de farras e vida boêmia e aparece tal criatura. Óculos amarelos, calvo, unhas feitas e pretas (não peça mais detalhes, para um "pé inchado" estes são muitos).
Arrastou-me para um velha casa e durante o caminho (monólogo) contou de seu tesão por ouvir da boca de uma mulher o sonoro "CANALHA". Em tempo: Não julgue mal, nada daquele canalha que você acaba de definir inconsciente, sim o adorável canalha. Único e irrepetível - CA NA LHA!
Pois bem, largou minha carcaça dipsomaníaca em frente ao portão e após três escarros ordenou que entrasse.
Encontrei o mesmo homem, porém velho. Muito velho. Olhou para o chão e um estouro oco de sua cabeça ecoou pela casa.
A madrugada some, os delírios somem, os buracos das ruas provocam balanço nos seios do lotação... Conferi os números que não apostei e errei todos.

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