domingo, 1 de janeiro de 2012

A filha morta

Desde pequena brincava sozinha, primeiro porque a irmãzinha não chegara, segundo porque quando chegou só sabia chorar.
O pai era bêbado, olhava-a com o mesmo olhar enojado que olhava para o copo de pinga que boiava pedaços de salame caídos do bigode.
Que bigode... Um dia agarrou a filha, sozinhos em casa beijou-a na boca. Pode sentir o asco de cigarros e cachaça... Lavou a boca tanto que sangrou.
Perdeu a virgindade com o pai, aliás, as duas. Prometia doces, bonecas... Quando não iam, passava a mão na cinta de couro e batia até dizer que sim! Terminava e dizia - Você sabe que o pai faz isso pro bem de vocês, né?
 - Quando arrumei um namorado sumi, levei minha irmã. Ele contou que eu morri, não é? Velho de merda.

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