segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Silêncio

A velha desvia os buracos da rua e segue em direção ao orelhão. O ronco da barriga parece mais forte que qualquer sentido, um tombo. Chove e faz frio, resgata forças para levantar. Três tentativas... Um homem no bar sente um arrepio e vira o rosto. A chuva fica cada vez mais forte! Em pé, joelhos ralados vertem sangue que mistura à água da chuva. As pernas tremem sem controle e como um sopro de força chega ao orelhão! Tira do bolso a ensopada foto da filha e beija, beija como se pudesse sentir o rosto. As pernas já não tremem, não sente as mãos... Pálpebras pesadas, debruça os cotovelos no apoio para não cair e morre. Algo melhor que o silêncio para descrever indescritível? Vou me calar.

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